Vivemos um grande retrocesso na igualdade de gênero no mundo do trabalho. Se as jornadas duplas por vezes triplas, o trabalho do cuidado contribuem para que as mulheres trabalhadoras tivessem menos chance de ascensão no trabalho e representação política (sindical, nos conselhos ou cargos políticos), a pandemia global da Covid-19 ampliou as desigualdades.
As mulheres foram as mais afetadas pelo isolamento social. Nós somos a maioria nas micro e pequenas empresas, no trabalho doméstico, informal e no setor de serviços. Com o fechamento do comércio as mulheres perderam seus empregos ou viram-se obrigadas a abrir mão de sua renda, pois aumentou a carga do trabalho do cuidado com quase 30 milhões de brasileiros contaminados pela Covid e, com o fechamento das escolas passaram a acompanhar os filhos no ensino remoto. O isolamento social também aumentou a violência doméstica e o feminicídio.
De acordo com nota técnica da OIT, durante a pandemia, 4 milhões de mulheres latino-americanas e caribenhas perderam o emprego e não conseguiram mais retornar ao mercado de trabalho. A maioria delas estão em total desalento, entre aqueles e aquelas que estavam desempregadas e desempregados, gostariam de trabalhar, mas desistiram de buscar emprego. E entre as trabalhadoras, as trabalhadoras negras e indígenas com menor escolaridade são as mais atingidas. Mesmo com a ampliação da vacinação no segundo semestre de 2021, que provocou uma pequena melhora no mercado de trabalho, para essas mulheres ele continuou inacessível.
A fome e a miséria atingem níveis assustadores: os grandes centros do país desabrigam milhares de famílias que passam a viver em barracas nas ruas, praças, debaixo de viadutos, como se fossem refugiadas em seu próprio país, estrangeiras em sua própria terra.
O Brasil voltou para o mapa da fome e a insegurança alimentar já atinge 116,8 milhões de pessoas, mais da metade da população brasileira. Neste cenário, quem está em situação de maior vulnerabilidade são as mulheres e seus filhos.
É urgente a criação de políticas de geração de emprego e renda que busquem incluir com trabalho decente milhões de mulheres trabalhadoras fora do mercado de trabalho. As reformas neoliberais, trabalhista e previdenciária, só agravaram o quadro precarizando ainda mais as condições de vida e tabalho de mulheres, mulheres negras e jovens. Precisamos de uma nova reforma trabalhista que tenha como centralidade o trabalho e a classe trabalhadora, e não o lucro dos banqueiros, especuladores e agronegócio.
No campo e na cidade as mulheres precisam ser visibilizadas e no mundo sindical é preciso fortalecermos nossas dirigentes para negociar direitos e incidir nos conselhos.
Quando uma dirigente senta-se na mesa de negociação coletiva ela luta por ampliar direitos para além do gênero: luta por creche, formação, educação, qualificação, luta por políticas inclusivas.
A Secretaria da Mulher Trabalhadora juntamente com a Secretaria Nacional de Formação da CUT tem como meta capacitar sindicalistas para negociação coletiva e melhor a incidência de nossas conselheiras em todos os âmbitos federativos e que elas possam multiplicar esse conhecimento em suas bases.
Enquanto o mundo comandado por homens está em guerra, provocando escassez de alimentos, falta de fertilizantes, barril do petróleo em alta, centenas de morte, destruição e milhões de refugiados, nós mulheres trabalhadoras lutamos pela paz, comida, emprego, vacina, educação, saúde, políticas públicas essenciais.
Neste 8 de março, nós mulheres trabalhadoras da CUT, marcharemos pela vida das mulheres, por emprego decente, por direitos, por igualdade, contra fome, contra a carestia, contra a violência, contra o fascismo e pela restituição da democracia no Brasil.
Saudações Cutistas, Feministas, Anti-homofóbicas, Anti-racistas e Anti-fascistas!!!