Pandemia do novo coronavírus (Covid-19) desmascarou políticas neoliberais genocidas e reafirmou o papel do Estado de Direito como forma de garantir a vida de todos os cidadãos
A grave crise sanitária estabelecida no planeta em virtude da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) se expande a cada dia de forma acelerada conforme o vírus vai exercendo sua força e causando a contaminação de milhões de pessoas por todo mundo e vitimando milhares de outras. As sociedades foram surpreendidas não só pela fatalidade da doença, mas também pelo fato que os governos de seus países não se prepararam para algo desta magnitude. Não houve país que não viu suas redes de saúde vulneráveis ou até colapsadas impedindo, assim, o atendimento eficaz da população.
A população brasileira vê a cada dia a pandemia se alastrar infectando e levando a óbito milhares de pessoas sem que haja uma resposta coerente e adequada do governo federal para combater a proliferação do vírus e salvar vidas. Ao contrário, Bolsonaro é o agente público que apresenta maior resistência às determinações da OMS – Organização Mundial de Saúde e age sempre para sabotar as medidas de isolamento determinadas pelas autoridades sanitárias ao mesmo tempo em que elege medicamentos contraindicados por cientistas e entidades médicas de vários países como capazes de conter os efeitos do Covid-19.
Neste momento de grave crise sanitária que o país atravessa, além das outras duas de grande complexidade: a econômica e a política, há um consenso entre autoridades, meio científico, campo acadêmico, setores da mídia e na sociedade de que a situação só não está pior por conta da existência do SUS – Sistema Único de Saúde e de seus trabalhadores que se desdobram para atuar no combate ao Covid-19. São as ações destes que estão no combate direto contra o vírus e dos demais trabalhadores essenciais que permitem a sociedade manter o isolamento físico e assim tentar conter a expansão da doença e evitar mortes.
Campanha Eu sou o SUS
A CNTSS/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social, que representa os trabalhadores dos setores privado e público das áreas da Saúde, Assistência e Previdência Social, tem buscado respostas capazes de ampliar suas estratégias de defesa e valorização destes profissionais e dos serviços públicos neste momento da pandemia. Agora em maio, a Confederação colocou em prática mais uma ação neste sentido a partir do lançamento da Campanha “Eu sou o SUS” envolvendo suas entidades filiadas, Sindicatos e Federações. A iniciativa visa prestar uma homenagem e dar visibilidade a estes trabalhadores que arriscam suas vidas no combate ao Covid-19. Esta ação pode e deve ser reproduzida com os profissionais da Assistência e Previdência que se encontram na mesma situação.
A Campanha quer mostrar estas pessoas que são os protagonistas neste momento da crise do coronavírus. Um projeto que carrega um simbolismo muito intenso ao mostrar o rosto, a face humana do SUS como costuma ser dito, destas pessoas que hoje recebem aplausos em muitos lugares e que se mantêm incógnitas com suas histórias e dramas arriscando suas vidas e de seus familiares. Mas a iniciativa pretende muito mais, pois quer que a sociedade olhe para estes rostos e se comprometa com a defesa, proteção e valorização destes homens e mulheres. O texto de apresentação da campanha aponta que uma das propostas é contextualizar que são vidas cuidando de vidas e, assim, reafirmar que o sistema é feito “de” e “para” pessoas.
O “Eu sou o SUS” pode significar também um convite para se estabelecer uma nova relação dialógica de respeito e comprometimento mutuo entre as duas pontas de um mesmo sistema: caracterizado pelo atendente e usuário de saúde publica. É preciso quebrar a narrativa ideologizada estabelecida pelas doutrinas neoliberais de desqualificação do serviço e do servidor público. Um fenômeno que leva a ruptura das concepções de direito adquirido e da própria visão do Estado como responsável e provedor das condições de vida dos cidadãos, neste caso a saúde pública e as demais políticas da Seguridade Social. Uma forma de perpetuar o descompromisso se dá com a quebra de relações. Não há empatia quando não se estabelece laços.
A Campanha “Eu sou o SUS” é uma iniciativa nova e pretende atrair o olhar da sociedade para dialogar com o profissional da saúde, assim como os demais da Seguridade Social inclusos nesta proposta. Estendo aqui este convite a todos os dirigentes e trabalhadores de nossas bases de levar esta ideia simples à frente. A campanha propõe um registro em vídeo ou em foto, feito pelo próprio trabalhador ou a assessoria de suas entidades, que pode ser individual ou grupo, no local de trabalho ou em frente a unidade de saúde que trabalha, com um cartaz, que pode ser feito em folha de sulfite, com os dizeres “Eu sou o SUS” de forma legível para ser reproduzida de forma massiva nas redes sociais destes trabalhadores e de nossas entidades. Vamos ocupar massivamente as redes sociais com os rostos destes trabalhadores, além de dialogar com as mídias tradicionais e alternativas defendendo os serviços e servidores públicos e o SUS.
Defesa dos serviços e servidores públicos
Este é o momento de olhar para a condição humana destes agentes públicos e privados que atualmente vivem sob altíssimo grau de stress psicológico e físico arriscando suas vidas. Já está evidenciado em pesquisas que muitos destes profissionais vivem hoje com sintomas de depressão e forte angústia por conta das dificuldades que enfrentam nos seus ambientes de trabalho, pela grande dose de sofrimento que presenciam e também pelo medo de comprometer a saúde de seus entes queridos. São seres humanos que precisam ser valorizados e ter sua defesa feita por toda a sociedade. Nunca foi tão essencial como agora o SUS e todos os seus trabalhadores representados por uma enorme quantidade de categoriais profissionais.
A CNTSS/CUT tem exposto a realidade destes trabalhadores ao denunciar a precariedade das redes de saúde e cobrar das autoridades e do setor privado os cuidados com suas vidas e a adoção de medidas que dêem condições para o atendimento adequado da população. Suas entidades denunciam, desde então, a falta ou a quantidade insuficiente e a qualidade inadequada de EPIs – Equipamentos de Proteção Individual, falta de insumos, ausência de infraestrutura adequada, jornadas de trabalho extensas com 12 horas ou mais diárias, o sofrimento psicológico, o trabalho de profissionais de grupo de risco que deviam estar afastados, entre tantas outras questões.
A pandemia reforçou a compreensão da importância do Estado na vida de todo cidadão. O projeto político neoliberal intensificado a partir do golpe de 2016 com a retirada de direitos sociais e trabalhistas e esvaziamento do poder do Estado foi desmascarado a partir da nova dinâmica social imposta pela expansão do coronavírus e seus efeitos letais. É papel do Estado garantir o isolamento físico, o emprego, salário, atendimento em saúde pública, uma política econômica que mantenha o desenvolvimento social e econômico durante e no pós pandemia. De imediato será necessária a revogação da EC 95, do teto de gastos, para garantir investimentos nas áreas sociais, principalmente na saúde. A certeza que temos hoje é que é necessário unir forças em defesa da vida. Esta defesa tem sido constante na luta da classe trabalhadora.
FONTE DO TEXT: Comunicação CNTSS